Wednesday, March 16, 2005
Desilusão
Comprei o jornal, olhei para os rodapés dos noticiários na televisão, ontem até sintonizei a TVI durante quase dois minutos, mas nada. Algo se passa neste país que as notícias já não são o que eram. Ainda não ouvi ninguém falar da anormal "vaga de calor equatorial" que nos atingiu assim de repente, menos de dois meses depois da "vaga de frio polar". Não digo um directo a partir de Albufeira ou da Caparica, mas pelo menos um aviso geral à população para que comece a usar roupa mais leve... acho que se justificava perfeitamente.
Monday, March 14, 2005
E porque hoje é segunda...
As estreias, as críticas, os boatos, os trailers. A Clarice até tem um blog. É favor não participar no passatempo, que eu quero o DVD do Silêncio dos Inocentes. Como é? Vamos ao cinema hoje?
Os vizinhos II
"Olhe, ainda bem que o encontramos. Então quando é que é toma conta disto?" Apanhado de surpresa à saída do elevador, só faltavam os microfones em riste e os focos de luz das câmaras. Uma conferência de imprensa improvisada, a ser transmitida em diferido ao longo da tarde para todos os andares do prédio. Ou quase todos. "Ele não tem estado cá, vizinha. Andou lá por fora, que eu sei..." Nada escapa ao olhar atento dos media, neste caso da dona M. A virança continua, aqui no prédio. Para os vizinhos não é suficiente a queda do Governo, é preciso que caia também a actual Administração do Condomínio. "Isto tem de mudar. O outro tem de sair! Já lá está há muitos anos!" É inevitável. Andar "lá por fora" coloca-me automaticamente em posição elegível, não há fuga possível. "O outro até queria pôr ali uma câmara à entrada, para vermos na TV quem quer entrar, quando nem sequer o intercomunicador funciona, veja lá. Eu nunca consigo ouvir nada!" O povo não perdoa o populismo, sabe que o tempo é de crise, que não há dinheiro para câmaras, nem mesmo para prevenir os assaltos. "Eu deixo entrar toda a gente no prédio! Enquanto não arranjarem aquilo, deixo entrar toda a gente! Tem de ser você a tomar conta disto." Não confirmei nem desmenti, garanti que tudo seria resolvido em altura oportuna e no local próprio. Tentei, enfim, sair dali. "O meu marido disse-me que seria este mês, mas já vamos no dia 15, veja lá isso..." Sorri, acenei com a cabeça, lá consegui sair para a rua. Desconfiado que ainda vou encontrar um cartaz com a minha foto no placard de entrada do prédio, quando regressar hoje ao final da tarde. Mesmo ao lado da mensagem enigmática escrita à mão numa folha de caderno...
Sunday, March 13, 2005
"Havin' a ball, man! When we have a party, we have an Allman Brothers Band party. Everybody boogies. Everybody gets off." - Red Dog, Allman Brothers Band number one roadie, Almost Famous
O Europa esteve ao rubro, na noite de sexta para sábado! Bela festa, rapazes. Bela festa...
O Europa esteve ao rubro, na noite de sexta para sábado! Bela festa, rapazes. Bela festa...
Tuesday, March 08, 2005
He went out walking...
Saturday, March 05, 2005
De regresso...
No meio da paragem de autocarro, de máquina fotográfica na mão e a tremer de frio, ainda assim fui confundido com um local. "Bitte schön? Kennen Sie diese Straße?". Um endereço escrito a azul numa folha de papel, a caligrafia demorada de um idoso. Olhou para mim desconfiado quando lhe disse que não era de cá, respondeu-me à mesma em alemão. "Suíço", acrescentei mentalmente à minha lista de falsas nacionalidades, "também passo por suíço". Só hoje, no último dia, alguém se dirigiu a mim finalmente em inglês. "Move away, please...". Era um homem com um blusão laranja fluorescente que espalhava sal pelo passeio. Estava a bloquear-lhe o caminho, distraído a olhar para cima, a sorrir. Estava finalmente a nevar...
[Münster Brücke, debaixo de uma árvore, abrigado da neve]
[Münster Brücke, debaixo de uma árvore, abrigado da neve]
Friday, March 04, 2005
meanwhile, in Zurich...
"- Cold? You think this is cold? In Finland, we say it's cold when it gets to minus 40 degrees. You can take some boiling water, throw it outside and when it hits the ground it's already snow. That's cold!"
Tuesday, March 01, 2005
O mistério
Andei o dia todo a pensar naquilo. No que teria sucedido. Àquela hora da manhã não costumo achar estranho nada do que vejo, até acredito em tudo o que me dizem, mas desta vez ali fiquei, quase parado, a tentar perceber aquilo. Alguma coisa ali deve ter acontecido. Alguma coisa me ia acontecer a mim, que o carro não ia aguentar até à rotunda do relógio. Na bomba de gasolina da BP, logo depois do Areeiro, uma centena de pessoas acotovelava-se em frente à loja, transbordava até para a estrada pelo meio das barreiras que a polícia instalou. Contei pelo menos uns oito ou nove agentes fardados. Pareceu-me ver umas sirenes. Imaginei uma ambulância no meio dos carros que não iam sair para lado nenhum. Olhei para o chão, olhei para onde estavam mais pessoas, procurei indícios de rixa, talvez um assalto, quem sabe feridos ou mortos. Nunca vi tanta gente numa bomba de gasolina. Não podia ficar muito tempo, já o trânsito se acumulava atrás de mim, lá continuei. A olhar para o ponteiro do combustível, para o rádio à procura da TSF para saber o que se passava e, ocasionalmente, para a estrada. Alguma coisa se devia ter passado. E devia ter sido grave. Era quase uma centena de pessoas. Só agora que cheguei a casa, depois de imprimir os posters que amanhã viajam comigo para Zurique e jantar um pão com chouriço e um caldo verde na 24 de Julho, descobri que era isto. Bilhetes para os U2. O carro acabou por aguentar até à Galp do Aeroporto, movido certamente pelo vento...
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