Tuesday, March 01, 2005

O mistério

Andei o dia todo a pensar naquilo. No que teria sucedido. Àquela hora da manhã não costumo achar estranho nada do que vejo, até acredito em tudo o que me dizem, mas desta vez ali fiquei, quase parado, a tentar perceber aquilo. Alguma coisa ali deve ter acontecido. Alguma coisa me ia acontecer a mim, que o carro não ia aguentar até à rotunda do relógio. Na bomba de gasolina da BP, logo depois do Areeiro, uma centena de pessoas acotovelava-se em frente à loja, transbordava até para a estrada pelo meio das barreiras que a polícia instalou. Contei pelo menos uns oito ou nove agentes fardados. Pareceu-me ver umas sirenes. Imaginei uma ambulância no meio dos carros que não iam sair para lado nenhum. Olhei para o chão, olhei para onde estavam mais pessoas, procurei indícios de rixa, talvez um assalto, quem sabe feridos ou mortos. Nunca vi tanta gente numa bomba de gasolina. Não podia ficar muito tempo, já o trânsito se acumulava atrás de mim, lá continuei. A olhar para o ponteiro do combustível, para o rádio à procura da TSF para saber o que se passava e, ocasionalmente, para a estrada. Alguma coisa se devia ter passado. E devia ter sido grave. Era quase uma centena de pessoas. Só agora que cheguei a casa, depois de imprimir os posters que amanhã viajam comigo para Zurique e jantar um pão com chouriço e um caldo verde na 24 de Julho, descobri que era isto. Bilhetes para os U2. O carro acabou por aguentar até à Galp do Aeroporto, movido certamente pelo vento...

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