Tuesday, March 30, 2004

Eliza, computer therapist

"ELIZA: Hello, I am Eliza.
YOU: Hi.
ELIZA: How are you today.. What would you like to discuss?
YOU: I haven't been posting...
ELIZA: Can you elaborate on that?
YOU: I have a blog. But my last post was a long time ago.
ELIZA: Why do you say your last post was a long time ago?
YOU: Because it was written two weeks ago...
ELIZA: Do any other reasons not come to mind?
YOU: What do you mean?
ELIZA: Does that question interest you?
YOU: The last post was almost two weeks ago!
ELIZA: Please go on.
YOU: I need new ideas...
ELIZA: Why do you want new ideas?
YOU: To post them...
ELIZA: Please go on.
YOU: You're boring
ELIZA: How long have you been boring?
YOU: No, not me. You are boring.
ELIZA: You are being a bit negative.
YOU: You think so?
ELIZA: Oh, i think so.
YOU: Can you elaborate on that?
ELIZA: Why do you ask?
YOU: I can't ask?
ELIZA: Say, do you have any psychological problems?
YOU: No.
ELIZA: Are you sure?
YOU: Yes.
ELIZA: Do you wish to be able to have any psychological problems?
YOU: No.
ELIZA: Are you saying no just to be negative?
YOU: No!
ELIZA: I see."

ELIZA is a famous artificial intelligence program written in 1966 by Joseph Weizenbaum at MIT.

Thursday, March 18, 2004



Não sei que horas seriam, mas achei estranho todas as carruagens estarem vazias. Entrei sem me preocupar muito com o assunto, devia estar mais atrasado do que pensava. Distraído a ler o jornal, não dei pela entrada dele, duas estações depois. Sentou-se mesmo à minha frente, e começou a ler também. O que me chamou a atenção foi a forma como ele lia o jornal. Da última para a primeira página. Como eu. Não lhe conseguia ver a cara, apenas o jornal. Era o Público. Ouvi então o meu telemóvel a tocar, devia estar mesmo atrasado. Procuro-o no bolso esquerdo mas não era o meu que tocava. Era o dele. Atendeu. Reconheci a voz imediatamente, mas só me refiz do choque algum tempo depois. Ele olhou para mim calmamente e apresentou-se: "Acho que sei quem és. Chamas-te José Rino. Eu também me chamo José Rino. És o segundo que conheço, para além de mim claro..."

Não era claro qual de nós sonhava o outro. Não éramos exactamente iguais, apenas muito parecidos. Éramos versões diferentes da mesma pessoa, duas das infinitas alternativas que poderiam existir. "Todo o nosso passado é igual até um único instante", disse-me ele, "divergimos num momento qualquer, uma decisão que tu tomaste e eu não, ou o contrário". Era a segunda vez que lhe acontecia aquilo. "A primeira vez que isto me aconteceu estava a olhar para o espelho de um elevador quando o outro entrou". Mais ou menos como no videoclip de David Bowie, disse eu. "Sim, mais ou menos isso".


Tentámos perceber qual o momento da divergência, mas sem grande sucesso. Não nos lembrávamos exactamente das coisas da mesma forma. Mesmo as recordações mais antigas eram ligeiramente diferentes, alteradas pela vivência posterior. "I like to remember things my own way, not necessarily the way they happened". Lost Highway? "Sim. Já agora, qual é a tua interpretação do filme?". Um castigo eterno, respondi. Um homem condenado a reinventar uma história de amor que ele arruinou e que nunca conseguirá reconstruir. Condenado a conhecer sempre a mesma mulher e a falhar sempre. "Uhmm... Um Sísifo moderno. Eu não o vejo assim. Para mim ele está apenas indeciso. Vê uma estrada à sua frente, sabe que se seguir os riscos não se desvia dela, mas não sabe onde a estrada vai dar. Ninguém sabe. Mas não é a única estrada, há muitas mais, e ele tenta imaginá-las a todas. Está a tentar tomar uma decisão. E a decisão que tomar vai mudar tudo. Vai dar origem a uma das diferentes versões dele que vemos no filme..."

Saímos em estações diferentes, claro. Eu acordaria pouco depois, de repente, sobressaltado pelo som do despertador. Julgava acordar em Lisboa, talvez por causa do metro, mas estava ainda em Heidelberg. Foi há um ano atrás que terei sonhado isto. Ou algo muito parecido com isto. Na altura não fez muito sentido, mas hoje acho que o sonhei um ano cedo demais.

Wednesday, March 17, 2004

Me? I guess I can still see the painted lines on the road...



But they tell me nothing of where this road leads to, maybe this is not even my road.
All the other roads have the same painted lines, you see...

Wednesday, March 10, 2004


Acordo de repente, sobressaltado. O bilhete, será que está na mala? Não sinto a parede do lado direito, é estranho. Estico-me para acender a luz, mas encontro apenas livros onde devia estar um candeeiro. Onde estou? Tacteio durante alguns segundos até reconhecer o meu próprio quarto. No meu sonho julgava estar em Heidelberg, no quarto que me deram na guest house. Há um ano atrás estava em Heidelberg. Estranhas coisas sucedem, quando se sonha. Lembro-me de há um ano atrás, na véspera do meu primeiro regresso, ter acordado sobressaltado em Heidelberg, julgando estar em Lisboa. Não me lembro o que sonhava, mas desconfio que era o que eu devia ter sonhado hoje. Não porque fosse o mesmo sonho, mas porque acho que o sonho de hoje só podia ter sido sonhado há um ano atrás... sonhado hoje, ele não me parece fazer grande sentido. Sonhei os dois, mas trocados no tempo...

Monday, March 08, 2004

"Haber envejecido en tantos espejos..." (Borges, Elegía, 1963)

Sagres. Leiria. As passagens de ano, os aniversários. 2002. 2001. 1997. O carnaval deste ano. O carnaval dos últimos quatro anos. O Arts. São mais de quinhentas, as fotografias. Algumas já tinha, outras vejo agora pela primeira vez. Estavam no computador de um amigo e couberam todas num CD. Trouxe-as comigo para Lisboa...



A caminho de Gondramaz (Serra da Lousã) em 1996. "Podemos tirar uma fotografia a si e às ovelhas?" Podemos. Um assobio e o cão junta-as todas atrás de nós. Chama também a mulher, que andava a apanhar lenha. "É para a SIC?" Era como se fosse. Não costumam passar estranhos por aquela estrada, nunca ninguém quis fotografar as ovelhas. Tira o chapéu e chega-se mais para o lado da mulher, muito direitos os dois, que a ocasião é solene. "Mas são jornalistas, não é? Quando sai a foto?"
Saiu hoje. Oito anos depois...

Thursday, March 04, 2004

Depois do estrondoso sucesso que foi o livro English as she is spoke, escrito em 1855 por dois portugueses que não sabiam nada de Inglês (dispunham apenas de um dicionário Português-Francês e de um outro Francês-Inglês), apresento-vos:

A versão inglesa do RinoBlog!

Uma cortesia do Altavista's BabelFish Translation Service.
Muito bom. :-)

Wednesday, March 03, 2004

Consegui parar o tempo neste preciso instante:



E parou tudo à minha volta. Como no filme. Enfim, não exactamente porque também eu não me conseguia mexer. Não podia ser de outra forma. Uma coisa é um filme, outra a realidade. Tudo parou, menos eu, que olhava fixamente para o relógio sem poder desviar o olhar. Assim fiquei durante bastante tempo. A pensar no que aconteceria se tivesse este tempo todo para pensar antes de agir, para decidir o que fazer em cada instante, para escolher o próximo Eu. E a nenhuma conclusão cheguei porque também a mente precisa de tempo e aquele era o único pensamento que nela existia quando o tempo parou. Um instante depois tudo voltou ao normal. O relógio, esse continua a funcionar...

Monday, March 01, 2004

Sei que o relógio está adiantado, não sei é quanto. Às vezes confio, outras chego atrasado. Desta vez cheguei a tempo. Dez horas. Noite de Óscares no Quarteto. 21 Gramas.
Acordo. Que horas serão? Parece que ainda há pouco cheguei. Cedo, ainda deve ser cedo. Adormeço outra vez...
Alfama. É sexta feira, o Bairro está cheio de gente. Vamos antes jantar a Alfama. Eu telefono.
São nove e um quarto mas o relógio está adiantado. Strokes no leitor de cd do carro. Não, não é Strokes. The Wedding Present. Era aqui que estava, então...
Texas Bar. "O melhor bailarico das últimas sextas-feiras de cada mês" diz ele no blog. Vi o duo dinâmico, sim senhor. E o voador também. No exacto momento em que saía mais uma vez do chão. Éramos muitos, encontrei ainda mais. Grande noite.
Meia hora para chegar ao carro. Também já estive assim, sem conseguir andar, com uma rotura de ligamentos. Foi num jogo de futebol também. Um dia seremos os dois velhos e repetiremos aquela mesma conversa, a andar tão lentamente como agora. Ou assim o julgaremos, convencidos que recordamos a conversa e não apenas a marcha demasiado lenta até ao carro, num sábado à noite.
Não é bem um restaurante e não fica bem em Alfama. É toda uma família cabo-verdiana que nos acolhe, que se senta connosco à mesa e que faz sempre do jantar uma grande festa. Já não ia lá há algum tempo, tinha saudades. E fica na Mouraria...
Acordo. Já deve ser tarde. O que me acordou? Em Leiria devem ter começado o jogo sem mim... Mais um sábado sem futebol.
Nunca há lugar para o carro num Domingo à noite. Ainda por cima às duas da manhã. 21 Gramas. A montagem é um puzzle. Cada peça é parte da história. Tiramos uma peça de cada vez, ao acaso. Não parece ter grande sentido. Só no final conseguimos montar a história toda...
A caminho do Bairro, é preciso marcar o restaurante, à Sexta feira é complicado. Pensava que conhecia um atalho, era apenas um desvio maior...