"En todas las ficciones, cada vez que um hombre se enfrenta com diversas alternativas, opta por una y elimina las otras; en la del casi inextricable Ts'ui Pen, opta - simultáneamente - por todas. Crea, así, diversos porvenires, diversos tiempos, que también proliferan y se bifurcan". Jorge Luis Borges, El jardín de senderos que se bifurcan (1941)
Aguardo agora, concentrado, depois de resumir tudo a duas alternativas que examino com cuidado. A bifurcação ocorre no tempo, não no espaço. Resta-me esperar. Dizem-me que a terra tremeu um dia destes. Não dei por nada. Se é verdade que tudo isto é um enorme labirinto, a única solução seria escolher sempre o mesmo caminho. Virar sempre para o mesmo sítio. Suspeito que não existe labirinto nenhum. Que o labirinto não é mais que uma ideia, uma esperança. Uma alternativa ao caos, no qual estaríamos sempre perdidos. Um labirinto, pelo contrário, terá sempre uma saída. E bifurcações. Dir-me-ão que será impossível, que não se podem percorrer dois caminhos ao mesmo tempo. Não estão a pensar correctamente, irei responder... estão apenas a ser lógicos. Quando chegar a bifurcação, serei dois. Nada disto será verdade, correcto, mas isto é o que será recordado depois. Haverá quem se aperceba que algo está errado durante o processo, talvez me veja desfocado, como a personagem do filme de Woody Allen. Com o tempo, essa sensação desaparecerá, que a memória é enganadora e flexível, não se compromete com falhas lógicas. Aguardo ainda, concentrado. Estranha esta bifurcação, que me parece tão familiar...
No comments:
Post a Comment