"We germans are organized, ja? On second floor is nuclear physics, on first floor is nuclear biology. It is the nucleus building!"
[Kirchhoff-Institut für Physik, Heidelberg]
Vladimir Tychinsky inclina-se ainda mais para a frente, a mão esquerda colocada atrás da orelha, o ponteiro laser na outra. Não consegue ouvir quase pergunta nenhuma, é Joan que lhe explica o que se está a passar: "He's congratulating you on the sounds. The music of the cell!". Vladimir sorri. "Spaciba... Thank you!" e todo o auditório começa a bater com os nós dos dedos nos tampos das mesas. Vladimir inventou a técnica de coherent phase microscopy ainda eu não tinha nascido. Com ela constrói imagens de células medindo mudanças de fase na luz que as atravessa. Um dia descobriu que a refractividade das células dependia do seu estado metabólico, do que elas estavam a fazer naquela altura. "We found very interesting phenomena. When we stopped transcription, for example, we saw the spatial-temporal patterns of refractivity had changed!" Eram esses padrões que ele tinha codificado como sons, silvos agudos, oscilantes, a certa altura harmoniosos. As células de Vladimir falavam num idioma parecido com o dos golfinhos. Ele queria dialogar com elas. "If we listen carefully, we can tell if something is wrong with them." 'Diagnóstico em tempo real do estado funcional de células vivas', era este o título da sua comunicação. Com a mão esquerda atrás da orelha, Vladimir aguarda mais perguntas. E eu imagino-o assim mesmo, naquela mesma posição com os seus setenta e poucos anos, em frente a um computador no seu laboratório em Moscovo... a tentar perceber os que as células lhe dizem.
"No, they don't clap. They knock on the tables. First time I saw this, I thought 'ok, they didn't like my talk'. But it was really quite the opposite..."
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