Sunday, March 04, 2007


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Duas horas e meia, às vezes três horas, era quanto demorava uma viagem de Leiria a Lisboa na minha infância. Em marcha lenta, atrás de camiões, o equivalente a ir hoje até ao Algarve. Nada de autoestradas, claro. Havia apenas aquele caminho: a estrada nacional número 1. Parava-se sempre a meio para comer qualquer coisa, os restaurantes eram mais que muitos. Quando o progresso chegou, a nacional perdeu o 1 para a autoestrada, passou a chamar-se IC2. Muitos restaurantes fecharam, alguns pedregulhos caíram de pontes e viadutos para cima dos carros que estreavam o novo caminho, ligeiramente mais longo que o antigo porque desviava por Fátima. Por causa disso, ainda hoje há quem assegure que a viagem demora "quase o mesmo" feita pela A1 ou pelo IC2. Isto claro, cumprindo os limites de velocidade na primeira e circulando ao dobro da velocidade permitida na segunda. Não se pode ir muito depressa na antiga nacional. De Leiria a Rio Maior, o IC2 é uma localidade por si só, a rua principal de uma vila que se estende ao longo de dezenas de quilómetros. Os seus habitantes circulam em carros que entram descontroladamente na berma (vindos de uma estrada de terra) para sairem pouco depois do lado oposto, meia centena de metros à frente (para outra estrada de terra). Às vezes fazem o mesmo a pé. É preciso andar devagar. Até porque o IC2 tem muitos pontos turísticos (ou coisas simplesmente estranhas) a descobrir. Este é um deles. Presumo que seja uma peça de artilharia anti-aérea do tempo da guerra colonial, um elemento decorativo muito pouco usual numa oficina / loja de carros usados, ornamentada com a respectiva bandeira nacional Euro 2004. Um dia destes páro o carro e vou lá perguntar porquê...

localização no Google Earth

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