Wednesday, January 17, 2007
O papel na janela
"Bom dia! Sabe se aconteceu alguma coisa à senhora M.?" Calham-me sempre as perguntas estranhas de manhã. Não só há três "senhoras M." no prédio como (e isto para mim é o mais frustrante) os vizinhos ainda não perceberam que eu não sei nada, mas nada, do que aconteceu a quem quer que seja. "Não sei de nada. Mas qual delas?", pergunto. "A sua vizinha de baixo. Tem um papel a dizer 'aluga-se' na janela!" A senhora M. minha vizinha de baixo é a pessoa mais pacífica do prédio, uma versão feminina de Mahatma Gandhi que também optou pela não-violência e que em relação às festas organizadas cá em casa nos anos de faculdade tinha apenas a dizer que "não... não incomodou nada... ouvia só os móveis a tremer um bocadinho, mas são jovens, não há problema nenhum..." Fiquei preocupado, a senhora M. já é de facto bastante idosa. "Bem, espero que não tenha acontecido nada." Não era bem esse o problema, no entanto: "Pois... mas já viu isto? Quem é que virão agora pôr cá no prédio? Ai, espero que não sejam os chineses da loja ali de baixo!" Os chineses? "Sim, os da loja! Ai credo, que nos sujam o prédio todo! E o dinheiro? Já viu quanto dinheiro é que ela vai fazer com isto? Aquilo é casa para alugar a quanto, sabe?" Nada, eu não sei nada. É uma frustração para mim não terem percebido ainda que eu não sei nada...
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vizinhos
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