Friday, November 24, 2006

It's a long way to the top...



... but this is rock and roll!


Just runnin' scared each place we go
So afraid that he might show
Yeah, runnin' scared, what would I do
If he came back and wanted you

Just runnin' scared, feelin' low
Runnin' scared, you love him so
Just runnin' scared, afraid to lose
If he came back which one would you choose

Then all at once he was standing there
So sure of himself, his head in the air
My heart was breaking, which one would it be
You turned around and walked away with me.


[Running scared* - Roy Orbison
David Fonseca ontem à noite na Aula Magna]

* (na única versão que eu conhecia, a de Nick Cave, a música acaba antes assim:
Then you turned around and walked right out on me
Só dei conta quando fui buscar a letra original ao Google. No concerto, claro, ouvi distintamente a versão que conhecia...)

Thursday, November 16, 2006

O rigor orçamental

Não sei como isto não me ocorreu há mais tempo. A solução para os constantes problemas do meu prédio, que tanto tempo faziam perder à Administração (eu próprio) apareceu hoje, inspirada numa ideia já com alguns meses do nosso primeiro ministro. Em nome do défice, do rigor orçamental, enfim, de promessas eleitorais que nunca fiz... acabei de congelar todos os pagamentos feitos pelo Condomínio relativos a compromissos feitos a partir do dia de hoje! Significa isto que concordo com todas as obras, arranjos, ideias disparatadas e mudanças em geral... mas que não pago nenhuma delas para manter equilibradas as contas do condomínio até ao final da minha legislatura. O elevador precisa de um sensor de peso? A porta das traseiras está ferrugenta? Devíamos ter sensores de movimento nas escadas? Não podia estar mais de acordo! Mas o défice... as contas... Não pode ser, só para meados do próximo ano. Ainda por cima depois do choque tecnológico que foi a mudança do sistema de intercomunicadores. A senhora que limpa as escadas percebeu logo a ideia: "Ah pois, isto sem dinheiro não se vai a lado nenhum! Então e porque é que não aumenta o que as pessoas pagam por mês?" Expliquei-lhe que não era com um aumento da carga fiscal que a coisa ia ao sítio... que a solução era mesmo cortar na despesa, para não sufocar ainda mais as famílias. E ia continuar a falar não fosse ela cortar-me a palavra: "Ai credo, parece um daqueles ministros! Você é que sabe, pronto... faça lá o que quiser."
Parece-me que agora sim, vou ter sossego...

Tuesday, November 14, 2006



Enuncia cinco manias tuas, hábitos muito pessoais que te diferenciem do comum dos mortais

Pergunta-me desta vez a rena lá na Finlândia, a mim e a mais quatro vítimas deste desafio. Há aqui um problema, no entanto, porque não tenho a certeza de ter algo tão pessoal que me diferencie do comum dos mortais. "Eu sou os outros, qualquer homem é todos os homens" já Borges dizia. Não devo ser o único, por isso, a ter por exemplo estas cinco manias...

1. Sair do carro, trancar o carro, andar quatro ou cinco metros e parar logo de seguida para perguntar a quem me acompanha: "Eu fechei o carro?" Quem já se habituou responde às vezes que sim mesmo antes de eu perguntar. Quando estou sozinho hesito à mesma... mas raramente volto atrás. Nunca deixei o carro aberto até hoje.

2. Ler o jornal ao contrário, da última página para a primeira. Sempre. Um hábito que vem de ler o Público quase todos os dias quando andava na universidade. O Público começava sempre no Calvin & Hobbes.

3. Abrir um jogo de snooker com a bola branca colocada o mais à esquerda possível na meia lua, em vez de ser no centro. Uma mania que deve vir dos tempos de adolescente no salão de jogos de um centro comercial em Leiria, ou talvez uma contínua tentativa de repetir uma abertura memorável que entretanto esqueci...

4. Ter a mesa de cabeceira e a estante da cama cheia de livros que vou lendo ao mesmo tempo, ao longo de meses. Na realidade apenas um deles é lido regularmente e substituído depois por outro. Os restantes estão ali para serem lidos de vez em quando, como músicas que se ouvem consoante o estado de espírito.

5. Adormecer no avião... às vezes mesmo antes de ele descolar. Aliás, adormecer mal me sento na cadeira do avião. Também adormeço em comboios e autocarros mas nunca tão depressa como num avião. Confio sempre na turbulência que antecede a refeição (que os pilotos normalmente simulam, para manter toda a gente sentada enquanto é servida a comida) para acordar a tempo de comer qualquer coisa...

E pronto. Falta apenas "reproduzir o regulamento" do desafio aqui no blog e lançar o repto a mais cinco bloggers, mas infelizmente... na minha lista de manias está também um hábito que não aparece de certeza em nenhuma das listas que antecederam a minha: o de quebrar correntes na internet.

Thursday, November 09, 2006

A praga

Sair do meu prédio é uma coisa complicada. Entrar é relativamente mais fácil, porque normalmente passo uma primeira vez de carro em frente à entrada e consigo ver se há perigo de emboscada ou não. Mas quando saio... quando saio só posso contar com a sorte. Hoje tive azar. "Olhe, ainda bem que o vejo!" atira logo de rajada enquanto se coloca entre mim e a porta. Não adianta dizer que estou atrasado, que tenho de ir trabalhar, nada funciona. "Preciso de falar consigo sobre um problema lá em minha casa". O problema pode ser qualquer coisa, sendo certo que há perigo de morte se não for resolvido de imediato. Um cheiro estranho, um tapete fora do sítio, uma lâmpada que se fundiu, qualquer coisa. Com as chuvadas recentes pensei logo em infiltrações, inundações, um cataclismo de proporções bíblicas. Enganei-me. Enfim, enganei-me no problema, não nas proporções bíblicas. "Tenho uma praga de insectos lá em casa! Bichos assim pequenos, sem asas, está a ver? É horrível!" Mais uma hecatombe para a lista. Seria letal? "É que eu sou alérgica a esses bichos todos! Ainda morro, eu qualquer dia ainda morro!" Era letal, claro. "Vou chamar a protecção civil, vou chamar a direcção regional de saúde, inspectores da Câmara, tudo! Sabe que a vizinha ao meu lado tem mais de vinte gatos em casa? É daí que vêm os bichos, de certeza!" A ideia de ter a protecção civil e a direcção regional de saúde no prédio agradava-me. Era pelo menos um dia de descanso para mim. Mas ainda assim, estava curioso para saber que insectos seriam. "Não, não são baratas. São pequeninos, assim com asas, mas não voam..." E quantos eram? "Olhe, ainda no outro dia vi um e ia tendo um ataque!" Um? Só tinha visto um? "Nesse dia foi um, mas já tinha visto outro na escadas, apanhei um susto quando ia a sair de casa!" E a vizinha do lado, também tinha visto algum desses bicharocos? "Não sei, ainda não perguntei. Queria falar consigo antes de chamar alguém aqui ao prédio..."