Friday, May 26, 2006

Another one for the files...

"In closing this report it may truly be said that no more baffling problem has ever been presented for investigation." - Tudor IV board of investigation report [1948]

Reza a lenda que já em 1492 a bússola ficou desnorteada, os três navios momentaneamente perdidos, e que toda a tripulação viu luzes estranhas no céu quando as naus Nina, Pinta e Santa Maria atravessaram a área hoje conhecida como Triângulo das Bermudas. Mais ou menos a mesma descrição, portanto, que deu à companhia de seguros a rapariga que me abalroou o carro na Avenida Lusíada em Dezembro. Conta ela que vinha na "segunda circular", sem trânsito nenhum, e que de repente só viu luzes no céu (era provavelmente o semáforo que levou à frente depois de ter capotado por cima de mim). Nas folhas do hospital deu-me como culpado, claro. Talvez de placagem, pensei eu. Mas agora começo a desconfiar que talvez haja algum fundo de razão na suspeita dela. A primeira coisa que me chamou a atenção foi o voo completamente desnorteado dos pombos que, estando parados na estrada, tentavam fugir do carro em movimento. Nunca atropelei nenhum, é certo, muito menos gaivotas, mas por puro acaso. Tentavam sempre fugir voando em zig-zag, como se o carro os atraísse. Senhoras com carrinhos de hipermercado em parques subterrâneos e pessoas transportando qualquer objecto metálico vieram confirmar a minha suspeita: o meu carro deve ser magnético. Em cinco meses, cinco ou seis embates no carro, sempre com ele parado. Raramente houve testemunhas. Uma delas terá apenas visto uma carrinha, "eram para aí 6 da manhã..." que conseguiu acertar apenas no espelho, ganhando curiosamente velocidade com o embate. Hoje, para não variar, no mesmo sítio onde tinha sido batido por um jipe o mês passado, lá estava a amolgadela resultante do impacto de um carro do lado esquerdo por cima da roda. Desta vez o único bilhete no carro era do "astrólogo grande mediúm vidente Professor Souareba" (dotado de dom hereditário). Ao entrar no carro, sinto ainda uma porta a bater do outro lado, o olhar espantado da condutora de uma carrinha. A culpa não era dela, claro... É o carro que parece que atrai tudo o que é metálico... incluindo a magnetite que serve de orientação aos pombos.

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