Wednesday, March 01, 2006

Big Neighbour is watching You

O dia começa logo por volta das oito, oito e meia da manhã, com o primeiro assalto à campaínha, obviamente ignorado. Fiz saber um dia à facção A que não valia a pena procurarem-me de manhã porque saía sempre de casa antes das 9h. O resultado não foi bem o esperado. Agora procuram-me à mesma, mas mais cedo. Não pode haver o mínimo sinal de presença em casa. Qualquer distracção, uma luz que se acende, o bater de uma porta... e sou apanhado. Vão tentar mais tarde, por volta da hora de almoço. Se estiver alguém em casa recebo o aviso no lab, por MSN. O assunto é sempre urgente: uma lâmpada que se fundiu ("Eu morro! Eu sem luz qualquer dia caio pelas escadas abaixo e morro!"), uma redoma de vidro que desapareceu ("Deve ter caído! Se me caía em cima eu morria logo ali!"), o elevador que "faz uns barulhos" ("Qualquer dia morremos todos!"), o prédio ao lado que parece estar a apontar um cano na nossa direcção a seis ou sete metros de distância ("O cheiro, os mosquitos! Ainda apanhamos todos febre amarela!"), a porta de entrada que só fecha se as pessoas a empurrarem de facto de volta em vez de a deixarem ficar quieta ("Olhe que as pessoas entram! Ficamos com o prédio cheio de drogados, matam-nos a todos!")... Durante a tarde as visitas repetem-se, de ambas as facções, mesmo que o assunto tenha sido resolvido entretanto ("É que pode acontecer outra vez! Isto está muito perigoso!") Eu que o diga. Perigosíssimo. É preciso chegar a casa bem depois das oito, para jantar tranquilamente. E sair logo a seguir para um cinema. Recebo uns SMS de vez em quando da facção B, a única que conseguiu o número, mas só respondo uma vez por outra. "Esteve outra vez no estrangeiro, foi?" Pois foi...

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